quarta-feira, 28 de outubro de 2009

GADO SINDI

Sindi: a epopéia para conquistar o PO

Tudo começou em 1952, quando o cientistas Felisberto de Camargo, contrariando opiniões no Brasil, resolveu trazer o gado Sindi para o país. Foi uma epopéia para conseguir a entrada de 28 matrizes e 3 reprodutores que, segundo o pesquisador, teriam enorme importância na pecuária brasileira. Ele, no entanto, trabalhava para o Instituto Agronômico do Norte (IPEAN), em plena Amazônia, e para lá foi enviado o plantel. Esta epopéia está contada em artigos, revistas e livros, em diversas épocas. O tempo passou, o rebanho ficou no ambiente úmido amazônico, embora fosse originário de desertos.

Em 1971, aconteceu o fechamento dos Livros Genealógicos da ABCZ e o Sindi apresentava apenas 1.288 animais no país, muitos já mortos - praticamente nas mãos de um único criador. Assim, esse por falta de Registros Genealógicos, o Sindi estava praticamente destinado à extinção.

Até 1974, o rebanho manteve escrita zootécnica com a ABCZ, comunicando coberturas, nascimentos e fazendo os registros de RGN e RGD. Quando foi extinto o IPEAN e o rebanho foi transferido para a Embrapa/CPATU encerraram-se os controles zootécnicos embora o gado permanecesse puro de origem.

Em 1978, ou seja, 26 anos depois de estar já no Brasil, a raça Sindi passou a ser muito discutida no Nordeste, como opção para os semi-árido. A discussão era comandada por Manuel Dantas Vilar Filho, Virgolino de Farias Leite Neto, Paulo Roberto de Miranda Leite e o escritor Rinaldo dos Santos, concluindo-se que o gado deveria estar na região.

Foi um renascimento para o Sindi. Uma parceria foi formada entre a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o criador José Cezário de Castilho (SP) resultando na transferência de 30 matrizes e 2 reprodutores para a cidade de Patos (PB). Ao mesmo tempo, a Fazenda Carnaúba, de Manuel Dantas Vilar Filho, realiza várias compras, minuciosamente escolhidas, dentro do rebanho de José Cezário. Rinaldo dos Santos espalha literatura e fotografias de animais originais na Índia e no Paquistão, para servir como "padrão racial" fidedigno no processo de expansão da raça.

Faltava, todavia, o gado da importação de Felisberto de Camargo, da iimportação de 1952. Depois de exaustivas negociações, a partir de 1988, ficou acertado um comodato entre a Embrapa e a Emepa (PB) para transferir 30 matrizes, 3 touros e 4 crias para a Paraíba. Cabe lembrar que Paulo Roberto já havia conseguido permutar 12 matrizes e 2 touros Sindi, remanescentes da ESALQ de Piracicaba e o Instituto de Zootecnia (SP) para a Paraíba. Com a fusão dos dois grupos da raça Sindi e sua rápida multiplicação - agora sob o sol tropical - na Estação Experimental de Riacho dos Cavalos (PB), ficou estabelecido que a raça merecia um melhor futuro. Foi assim que o gado Sindi foi transferido para a Estação Experimental de Alagoinha, no Agreste paraibano, onde já havia gado Guzerá leiteiro.

Ali, o Sindi passou a ser rigorosamente observado, com ordenha diária, pesagens periódicas, controle de genealogica e formação de um banco de dados.

Em 1993, Paulo Roberto encaminhou o trabalho "O gado Sindi da Emepa e Embrapa e o Registro Genealógico", onde pleiteava o retorno do status de PO (Puro de Origem) para o Sindi. Era o início de uma cruzada. O processo de registro foi aberto neste mesmo ano mas, já em 1994, uma comissão da ABCZ e do Ministério desaconselhou o Registro, considerando o gado fora do padrão. Em 1997, foi feita outra tentativa junto da ABCZ , com mais detalhes técnicos mas, novamente, não houve resposta e sequer uma resposta sobre a votação desse assunto.

Novos fatos são exigidos sobre o rebanho e, em 1999, Paulo Roberto e o escritor Alberto Alves Santiago levam outra proposta com mais informações sobre o desempenho dos rebanhos mantidos em estabelecimentos oficiais. Dessa vez, o plenário votou por unanimidade a favor do Registro Genealógico dos animais Sindi, como puros de origem.

Esta foi uma vitória espetacular do bom senso e dos criadores - que já somam mais de 20 - no Nordeste, onde a raça Sindi vai muito bem, deixando claro que chegou ao seu hábitat para tomar conta de um grande espaço. Afinal, ali - no semi-árido - tamanho não é documento; ficar vivo e lucrativo, sim!

Paulo Roberto garante que "esta é uma vitória para ser dividida com todos os criadores de Sindi da Paraíba, do Nordeste e do Brasil. É um marco decisivo que muito ajudará o desenvolvimento do semi-árido brasileiro".

Fonte: Agropecuária Tropical

2 comentários:

  1. gostaria de saber com faça para compra um boi da raça sindi

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  2. Bom dia ao pessoal da ACAVUJ. Gostaria de receber informações de leilões e venda do gado sinsi. Um forte abraço ao pessoal e muito sucesso a todos.

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