domingo, 1 de novembro de 2009

HOLANDÊS


Na região da Europa em que se situam os Países Baixos, encontravam-se bovinos domesticados há mais de dois mil anos. Estudos da história antiga revelaram que a pecuária constituiu sempre uma importante atividade na vida do povo holandês, desde o século 13. Antes da segunda metade do século dezenove, o gado dos Países Baixos não estava diferenciado em raças. A heterogeneidade da população bovina era conseqüência dos cruzamentos entre bovinos de diversas regiões ou importados da Alemanha e Dinamarca para cobrir as perdas resultantes de calamidades, como inundações e invasões do mar, antes da construção de diques. Começaram então os trabalhos de formação de raças mais definidas, cujo potencial leiteiro viria permitir volumosas exportações para a Inglaterra, Europa Continental e Américas.

Habitat:
A raça Holandesa domina extensa área junto ao mar do Norte, abrangendo Holanda, Bélgica e norte da Alemanha. Inicialmente, em algumas províncias holandesas existiam diferenças acentuadas entre os seus bovinos, tanto quanto ao tipo, como em relação à pelagem, motivo pelo qual a Sociedade do Livro Genealógico dos Países Baixos abriu registros para três raças, com características próprias de coloração da pelagem: a raça Frísia holandesa branca e negra, com uma seção para os animais vermelho e branco; a raça Vermelha e Branca da região entre os rios Mosa, Reno e Ijssel (MRIJ); e a raça Groningue, de cabeça branca. Desde então teve prosseguimento a seleção intensiva dentro de cada raça, sem mais cruzamentos para o gado de produção. Como se deduz à região, é baixa, em parte situada abaixo do nível do mar e foi conquistada por um trabalho secular, através da construção de diques e aterros, além de canais de drenagem. Apenas 2 por cento do território da Holanda alcança mais de 50 metros de altitude e seu ponto cuminante está a 323 metros acima do nível do mar. A região goza de clima suave e marítimo, próprio da Europa norte-ocidental e as nevadas são pouco freqüentes. Os ventos dominantes, vindos do sudoeste, carregam umidade do Atlântico e as chuvas são muito regulares; ocorrem durante todo o ano, razão pela qual não se conhecem períodos da seca, como em outras regiões. A precipitação média anual, entretanto, é moderada, variando de 600 a 800 mm.

Características:
A raça Holandesa ou Frísia apresenta pelagem branca e preta, com cores bem separadas em zonas marcadas. A cor preta se mostra tipicamente distribuída pela cabeça e espáduas, porção central do corpo e quartos traseiros. A cor branca aparece nos dois lados do terço médio do corpo, uma por trás das paletas e outra na frente das cadeiras, e também no abdômen, parte inferior das patas, base da cauda e como "estrela", na fronte. A pigmentação da pele segue a do pêlo, isto é, nas malhas brancas, a pele é clara ou rósea, sendo escura nas partes manchadas de preto. Por esse motivo, criadores nas regiões tropicais preferem os exemplares de pelagem predominantemente escura. No que tange à pelagem, é mister lembrar a existência da variedade vermelha, em quase tudo semelhante à variedade preta e branca, e que não deve ser confundida com as outras raças européias malhadas de vermelho. A cabeça apresenta perfil subconcavilíneo, com a fronte côncava, olhos salientes. É comprida e estreita na fêmea e de tamanho médio no macho. Os chifres são finos saindo um pouco para trás, encurvando-se para frente, para baixo e para dentro. Pescoço é longo e fino, com o bordo superior côncavo; o macho tem pescoço bem musculoso, formando cangote acentuado. Focinho com o espelho nasal de coloração negra. O peito é profundo; as costelas bastante arqueadas dão lugar ao abdômen desenvolvido e de grande capacidade. A gordura é larga, bastante horizontal e a largura entre a ponta das nádegas é ligeiramente inferior à distância entre os jarretes. A ossatura é bastante forte. O corpo é volumoso, tipicamente leiteiro, na forma clássica de cunha; espáduas salientes; dorso comprido e cortante; cauda fina e bem inserida. Membros altos; nádegas retas, são muito musculosas, mais curtas e arredondadas nos touros. O úbere é de grande capacidade nas vacas com elevada produção, mas nas vacas velhas pode mostrar certos defeitos como insuficiente ligamento ao corpo, desenvolvimento inadequado dos tetos dianteiros em relação aos traseiros, dando o chamado úbere caído, podendo os tetos serem demasiadamente grandes. O gado holandês é notavelmente uniforme quanto à pelagem e conformação. São animais bem musculados e apresentam um contorno harmonioso.

Produtividade:
As novilhas dão sua primeira cria por volta dos dois anos de idade. Ocasionalmente pode haver fecundação de bezerros, o que deve ser evitado face aos prejuízos ao seu desenvolvimento físico causados pelo aleitamento precoce. Nos rebanhos mantidos a campo, a primeira parição é retardada para os 30 meses, ou ainda mais tarde, dependendo do sistema de manejo. Os bezerros nascem com 38 quilos em média, e as fêmeas com 34 Kg. Todavia, há muita variação em vista da diferença de condições de criação e alimentação.

Produção de Leite :

A raça holandesa é universalmente conhecida como a maior produtora de leite, dentro da espécie bovina. Um estudo publicado pelo serviço central de controle leiteiro, com dados referentes ao ano de 1960, citado por FRENH(32), nos fornece elementos valiosos para a avaliação da raça originária da Frísia. Naquele ano,600.805 vacas submetidas a controle, produziam 4.442 quilos de leite, com 3,91% de gordura; um grupo de vacas de melhor qualidade, da Holanda setentrional, formado de 947 exemplares deu produção média de 5.284 quilos com 3.98% de gordura.

Produção de Carne:

Contrariamente ao pensamento geral, o gado Holandês não deve ser considerado uma raça exclusivamente leiteira, apesar de ter sido essa função econômica desenvolvida ao extremo. Embora as recordistas mundiais na produção leiteira sejam sempre representantes da raça Malhada de Preto, a velocidade de crescimento, o desenvolvimento do esqueleto e das massas musculares e, sobretudo, a capacidade de conversão de alimentos, são fatores muito favoráveis a essa raça, com relação à produção de carne. O valor da produção bovina nos Países Baixos representa cerca de 40 por cento da produção agrícola, sendo 25 por cento para o leite e 15 por cento para a carne. O gado Frísio, e de modo especial as novilhas e vacas novas, respondem muito bem ao processo de engorda no confinamento. A qualidade da carcaça é boa, devido ao desenvolvimento da massa muscular e pela escassa cobertura de tecido adiposo. Utilizam-se para o corte mais tourinhos jovens do que propriamente novilhos, sendo dispensada a castração, face à idade reduzida em que são encaminhados para os centros de matança. Na Inglaterra, na atualidade, utilizam-se muitos touros Frísio na padreação de fêmeas de raças especializadas na produção de carne, dando mestiços bons produtores de leite e possuidores de carne sem o excesso de gordura característicos das raças britânicas. Outras vantagens da raça e seus mestiços: são dóceis, mansos, e já estão habituados ou acostumam-se facilmente a se alimentar no cocho.

Fonte: Catalogo Rural

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